sexta-feira, 1 de março de 2013

Pesquisa do Instituto Pró-Livro aponta baixo índice de leitores na faixa da terceira idade.

Por Karine Pansa.



No próximo dia 26 de julho é coemorado o dia dos avós. Em muitas famílias eles são considerados como o segundo pai ou segunda mãe, tendo um papel fundamental na formação dos netos. Como avaliar o nível de influência deles quando se trata do quesito leitura? A recente pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, promovida pelo Instituto Pró-Livro analisou os brasileiros por faixa etária, permitindo uma visualização do perfil leitor da terceira idade, hoje em dia.

Umas das constatações é que o maior número de não leitores está entre os 50 e 69 anos, com 23%. Nessa faixa etária, somente 12% são leitores. Por ano, esse grupo lê pouco menos de dois livros, enquanto a média nacional é de quatro obras/ano.

Assim como em outras idades, os livros são escolhidos geralmente pelo tema. O assunto que mais atrai os leitores acima de 50 anos é o religioso, 59% disseram ler obras desse tema. As principais motivações para leitura são prazer, gosto e conhecimento geral, com 53%. Dos leitores entre 50 e 69 anos, 63% deles afirmaram que costumam comprar seus próprios livros.

O acesso aos meios digitais é uma barreira para a maioria. Entre os pesquisados com mais de 50 anos, 88% não acessam a internet e apenas 5% acessam diariamente. De todos os entrevistados que afirmam ler livros digitais, 2% estão nessa faixa, porém esse número é ainda mais baixo quando analisamos que apenas 30% dos entrevistados já ouviram falar nesse tipo de leitura, o que significa aproximadamente 53,5 milhões de pessoas em todo o país.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que a leitura pode aliviar a tensão do dia-a-dia. Quando o cérebro está voltado para entender o que está sendo lido, o corpo atua transferindo sua atenção para as áreas cerebrais e visuais, fazendo com que os músculos do coração fiquem mais relaxados. O mesmo ocorre com os cinco sentidos, que são “desligados”, e a atenção é toda voltada para a leitura, daí a sensação de prazer e bem-estar, espantando preocupações e estresse. Mais um bom motivo para descobrir o prazer da leitura.

A questão cultural, de escolaridade e de desenvolvimento econômico, são pontos que podem ajudar a explicar o baixo índice de leitores. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, entre todos os entrevistados, 85% apontou que assistir televisão é a atividade favorita nas horas vagas, fazendo com que fique na 1ª posição. Já a leitura aparece em 7º lugar, com 28%. O brasileiro sabe da importância da leitura, visto que 64% a considera uma fonte de conhecimento para a vida, mas ainda prefere outras atividades. Enquanto uma pessoa com renda familiar superior a 10 salários mínimos lê mais de oito livros por ano, no mesmo período o número cai para menos de três livros para uma pessoa com renda de até três salários mínimos ao mês.

Desinteresse aparece em primeiro lugar, com 78%, como justificativa para o brasileiro ler menos do que lia. Esse desafio deve ser assumido por toda a sociedade, além de impulsionar políticas públicas dirigidas ao acesso ao livro no ambiente escolar, voltadas à formação do professor leitor e na educação de qualidade para superar as deficiências na alfabetização funcional. Além de tornar as bibliotecas locais atraentes em diversos aspectos, inclusive com obras atuais também. É preciso que haja incentivos em casa, os pais e avós devem não apenas falar da importância da leitura, mas também mostrar que possuem esse hábito.

O Pró-Livro possui diversas campanhas de incentivo à leitura – como os projetos lúdicos em Bienais do Livro, a fim de atrair, especialmente o público jovem, para o mundo da leitura de forma divertida. Apoiamos ainda, em todo o Brasil, iniciativas que visem fomentar leitura. Acreditamos que quanto mais jovens tivermos lendo hoje, teremos mais leitores da terceira idade no futuro.

*Karine Pansa é editora e presidente do Instituto Pró-Livro e da Câmara Brasileira do Livro.

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